O chefe da Direcção de Educação Patriótica da Força Aérea Nacional (FAN), tenente-general Justino da Glória (foto), destacou, no Cunene, a prontidão na defesa do espaço aéreo da região sul de Angola. Guerra à vista?
A Força Aérea Nacional, ramo das Forças Armadas Angolas (FAA), conta com uma unidade e um aeródromo no município da Cahama, a 175 quilómetros da cidade de Ondjiva, em prontidão para a defesa do espaço aéreo nacional.
Justino da Glória constatou as condições da unidade de Cahama, no Cunene, tendo observado “um trabalho positivo” que remete as tropas em prontidão combativa e em estado de disciplina que é exigido no cumprimento das leis e directivas emanadas pelos órgãos superiores, nomeadamente pelo Comandante-em-Chefe das FAA (general João Lourenço), pelo Presidente do MPLA (general João Lourenço), pelo Titular do Poder Executivo (general João Lourenço) e pelo Presidente da República (general João Lourenço).
A visita da alta patente da FAN enquadrou-se na nomeação, em Janeiro deste ano, pelo Chefe de Estado, João Lourenço, do novo comandante deste ramo e de outros membros do comando, que estão a percorrer unidades nas diversas províncias do país.
Depois da avaliação feita, Justino da Glória defendeu a mudança do cenário actual da estrutura do aeródromo de manobra da Cahama, que poderá passar para um nível mais elevado. Explicou que aquela unidade favorece infra-estruturas, que precisam ser melhoradas e tornar o local como uma das maiores pistas para as manobras a nível da Região Aérea Sul.
Ainda na fase de conhecer “melhor a casa”, o novo comandante da Região Aérea Sul, tenente-general Samuel Chipalavela, garantiu envidar esforços para melhor cumprimento da missão, no quadro da defesa do espaço nacional, informando que algumas linhas já estão definidas e outras por identificar para o alinhamento e cumprimento das orientações superiores.
A Região Aérea Sul compreende as províncias da Huíla, Namibe, Cunene, Cuando Cubango, Huambo, Bié e Cuanza Sul em termos territoriais.
A coisa vai. Não nos esqueçamos nuca que o regime tem comandantes militares cuja exclusiva função é a Educação Patriótica.
Quase 50 anos depois da independência, a estrutura militar continua a trabalhar à imagem e semelhança dos Khmer Vermelhos de Pol Pot.
Recorde-se que em Setembro de 2010 o então substituto do comandante da Região Militar Norte para Educação Patriótica do MPLA, Coronel Zeferino Sekunanguela, enaltecia, no Uíge, o contributo do primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto na luta de libertação nacional.
O oficial superior da tal “Educação Patriótica”, que falava numa palestra sobre “Vida e obra de Doutor Agostinho Neto”, disse que Agostinho Neto foi o Fundador do movimento nacionalista, da Nação angolana e contribuiu para a luta de libertação nacional.
Assim sendo, “Educação Patriótica” é sinónimo do culto das personalidades afectas ao regime do MPLA, banindo da História de Angola qualquer outra figura que não se enquadre na cartilha do partido que, cada vez mais, não só se confunde com o país como obriga o país a confundir-se consigo.
O oficial superior da tal “Educação Patriótica” reconheceu então que o primeiro presidente de Angola foi um grande estadista e político que contribuiu também para a libertação de outros povos africanos rumo à independência dos seus países.
Só é pena que Agostinho Neto não tenha nascido há uns séculos para ser possível dizer que também contribuiu para a independência de Portugal. Mesmo assim, é de crer que os oficiais superiores da tal “Educação Patriótica” sempre podem dizer que Neto ajudou também a democratizar o regime português.
Segundo o oficial superior da tal “Educação Patriótica”, graças à sabedoria de Agostinho Neto é que o povo de Angola conseguiu libertar-se da escravatura e da colonização portuguesa e de todas os crimes promovidas pelos inimigos de Angola.
O oficial superior da tal “Educação Patriótica” explicou também a contribuição de Neto como médico profundamente humano, como escritor e político de renome internacional. De facto, para o MPLA, melhor do que Agostinho Neto só mesmo… Agostinho Neto.
É TUDO UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO… PATRIÓTICA
Em Março de 2018, as Forças Armadas Angolanas foram exortadas, no Huambo, a “revestir-se” (o termo é da Angop) de alto sentido de fidelidade patriótica que conduz a nunca trair o juramento prestado à Bandeira Nacional e os interesses superiores da Nação… do MPLA.
A exortação veio do Chefe do Estado-Maior General adjunto das FAA para Educação Patriótica, general Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, quando falava na abertura do 16º seminário metodológico dos órgãos de Educação Patriótica das FAA, sob o lema “Pelo reforço da organização e disciplina – revitalizemos o trabalho de educação patriótica das FAA”.
O general lembrou aos militares que ao abandonarem a unidade onde estiverem colocados ou a farda a si atribuída por imperativo do compromisso assumido com à Pátria, cometem acto de deserção, susceptível de constituir crime militar, por ser infiel ao seu juramento.
“O militar que age desta forma não é um patriota que esteja realmente comprometido com a defesa dos mais altos interesses da Nação angolana e nem é digno de ser considerado um bom cidadão, capaz de contribuir com o seu esforço na defesa da independência nacional, da integridade do solo pátrio, nem tão pouco no desenvolvimento económico-social do país e do bem-estar da população”, asseverou o general nesta lição de patriotismo.
Incorrem no mesmo crime, segundo Egídio de Sousa Santos, os indivíduos que colaboram com este tipo de militares, facilitando a sua colocação noutras unidades, sem a prévia anuência do comandante da unidade de origem, visto que a instituição castrense existe para cuidar do homem em todas as suas dimensões, designadamente física, espiritual, moral e humana.
Neste sentido, o responsável militar orientou os órgãos de Educação Patriótica a trabalhar, de forma conjunta com os de Educação Jurídica, para elevar os sentimentos de patriotismo, civismo, liberdade e de justiça.
O general afirmou que os órgãos de Educação Patriótica são importantes ferramentas para que o efectivo tenha um comportamento baseado no cumprimento da missão na estrita observância consciente das normas e regulamentos militares.
“Esta coordenação entre os órgãos patrióticos e jurídicos das FAA deve ser comparada aos fármacos combinados no organismo humano, quando se pretende combater determinadas enfermidades, de modo a que os oficiais, sargentos e praças compreendam e aceitem a observância das normas da vida castrense que em nenhuma outra instituição social se podem exigir”, disse.
Participaram no seminário, comandantes adjuntos para Educação Patriótica dos três ramos das FAA (Exército, Força Aérea e Marinha de Guerra), chefes das direcções de educação patriótica, das repartições da direcção principal desta área e comandantes adjuntos das unidades de subordinação central.